Era de Peixes X Era de Aquário - A Fé
no Ocidente
Na Era de Peixes, a Fé religiosa foi um arquétipo fundamental e
participante da base de praticamente toda a sociedade ocidental do planeta. O
conceito de Deus teve uma condução politizada a partir da organização da Fé
Cristã em torno da Santa Sé e seus purpurados Cardeais. Foi então criado o
cargo político: Papa. O “representante direto” de Deus na Terra... Em períodos
longos da Era de Peixes, o Papa era “O Enviado”. O que o Papa falava, “era o
próprio Deus quem falava”. É o ponto de partida para a massificação do conceito
pecado/culpa utilizado como ferramenta de manipulação do inconsciente coletivo
e do comportamento humano.
A Fé (latim, fides, fidelidade) do ponto de vista antropológico é um
canal importantíssimo de busca humana. Mobiliza as pessoas a buscarem respostas
para "o inexplicável", apresentando curiosidade incessante sobre os
mistérios da vida e da existência. Não ter essa resposta causa o incômodo
necessário para se realizar a busca através da Fé. Também por conta desse
incômodo a Fé promove em muitos casos a projeção de conteúdos coletivos humanos
para dar forma a ela própria (a Fé) e tudo o que decorre dela: Conceito de
Deus, Deuses, Espíritos, Seres Astrais, Anjos, etc. Essa projeção em regra
mostrava ou era percebida como figuras humanas com poderes sobre-humanos. O
milagre é o mais conhecido de todos esses poderes que são considerados em
diversas doutrinas religiosas como divinos ou advindos ‘de Deus’.
Já na idade média o poder de manipulação em massa do Papado toma
proporções imperialistas. Isso se torna mais óbvio com a descoberta do novo
continente. Na América do Sul, particularmente no Brasil tivemos uma ação
promovida pelos jesuítas para converter índios “infiéis” em cristãos,
pervertendo com uma agressividade e uma falta de respeito com “o sagrado
nativo” sem precedentes A cultura e religião nativas eram massacradas em função
do aumento do número de fiéis cristãos e por consequência isso aumentava o
poder político da Igreja Católica Apostólica Romana.
A Fé também acaba então dando vazão a diversas reações no inicio da
Era de Peixes. Com o movimento antipagão efervescente que surge dentro do
Cristianismo (Santa Sé) em seu início, que tinha como um dos objetivos diminuir
a influência feminina no que se refere aquilo que promove a Fé humana, alguns
aspectos sociais foram modificados artificialmente criando um mecanismo
repressor de energias que antes fluíam naturalmente. Entre elas a antiga
cultura pagã. Surgiam as Leis da Igreja... As “Regras de Deus” determinadas
politicamente em concílios “parlamentares”. Aparentemente é entre outras coisas
uma “confissão masculina” de falta de força contra o poder de sedução e
sensibilidade feminina. Principalmente a sedução emocional e sexual. Já que não
se pode lutar contra, a busca pela eliminação desse “poder feminino” era
fundamental para serem estabelecidas as bases organizacionais e a ponta da
pirâmide política e do poder ser sempre masculina. Até hoje as mulheres tem
condições diferentes na Igreja decorrentes do sexismo religioso praticado durante
dois milênios.
Com uma história de condução política comparável a do Holocausto, a
“Instituição Igreja Romana” se viu recheada de carnificinas, morte em
fogueiras, queimada de livros científicos irrecuperáveis e perseguições. Nessa
época a humanidade em diversos momentos começa lentamente ter avanços
significativos em outra esfera que desmente diversos conceitos que a religião
tinha pautado “por decreto”. Como a Terra girar em torno do Sol (Nicolau
Copérnico), e não ao contrário; a Terra ser esférica, como descobriu Fernão de
Magalhães entre 1519 e 1522 em sua viagem de circunavegação pelo globo. Até
esse momento a antiga teoria geocêntrica de Ptolomeu é quem regia a filosofia,
ciência e religião. Aqui podemos pensar como um dos primórdios impulsos da ciência
(aquário) começando a provocar os "primeiros pontos de corrosão" do
poder da Santa Sé sobre a vida das pessoas. As provas que esses primeiros impulsos
aquarianos traziam contra os conceitos e a própria postura da Igreja se
tornaram cada vez mais empíricas e passíveis de mensuração, registro e análise,
dificultando cada vez mais uma contra argumentação convincente. A "palavra
de Deus" se contrasta e se afasta da realidade fragilizando gradativamente
a capacidade de manipulação psicológico-espiritual.
A aproximação do final de Era de Peixes já nos traz diversos
"impulsos aquarianos” como a sistematização de eletricidade, descoberta de
Urano (primeiro planeta descoberto por meios tecnológicos), o século XVII já
com alguns dos grandes pensadores (René Descartes, Francis Bacon, Blaise
Pascal, Isaac Newton, Gottfried Leibniz entre outros).
A Revolução Industrial traz na segunda metade do Sec. XVIII o
surgimento da estruturação das primeiras fábricas e a produção em série. A
corporação empresarial tem aí sua semente organizacional, com o estabelecimento
de jornadas de trabalho. A perda da autonomia direta na produção pelo ser
humano causa o início do capitalismo, visto que as fábricas tinham donos
(burgueses), e a produção era feita por assalariados. Os antigos artesãos
perderam a liberdade de produção autônoma se tornando trabalhadores
assalariados. Surgem então a indústria têxtil, máquina à vapor e a metalurgia.
É uma fase inicial do lento e gradativo processo de transição para uma era
tecnológica.
O próprio imperialismo colonialista tem uma “função pré-aquariana” na
aproximação do limiar das Eras. A globalização viria a ser realidade
fundamentalmente por conta do ser humano ter “descoberto todos os continentes”
e assim começou a se ter acesso a praticamente toda a área habitável do
planeta. Seja onde estiver a tecnologia permite acesso as mesmas informações
que em qualquer outro lugar do globo terrestre.
Na França, com a Revolução Francesa e as ideias iluministas, a
monarquia e o clero perdem o poder para os burgueses, que eram os mais ricos e
numerosos. Esses, claro, em determinado momento buscaram tomar o poder e
conseguiram. Não por acaso. Com a incapacidade de competir com a tecnologia
inglesa a França sofreu economicamente. Alguns poucos que conseguiram prosperar
viam os tributos para a Igreja e o Clero aumentarem de forma descontrolada, sem
haver uma participação mais decisiva dos burgueses nos escalões mais elevados
da vida política, militar e diplomática.
Hoje, na França, O laicismo é a “bola da vez”. Um exemplo claro são os
estudantes que não podem sequer frequentar as aulas usando qualquer símbolo,
vestimenta ou indumentário que tenha denotação ou conotação religiosa.
Os séculos subsequentes de forte repressão humana por parte da Igreja
Católica criaram uma pressão coletiva crescente que ultrapassou os limites.
Então a reação em cadeia da transição das eras trouxe o início da decadência da
influência religiosa institucional no comportamento social e na construção dos
valores morais e éticos sociais, familiares e individuais. A energia de peixes
vai “gradativamente tendo sua energia reduzida dando lugar à energia
aquariana”.
Em contra partida a Fé não é algo que está sendo extinto, mas a
importância dela na vida das pessoas em geral e no contexto social tem uma
drástica redução de influência e importância em relação a uns três ou quatro
séculos atrás. Ainda temos as correntes espiritualistas e ferramentas
tradicionais que ressurgem como xamanismo, religiões afros, oráculos,
astrologia entre outros se unem a diversas correntes que surgem com a
proximidade da Era de Aquário. Nunca o Ser Humano teve em toda a sua história
tanta liberdade de pensar o que quiser, ser o que quiser sem necessariamente
ser subjugado por instituições que manipulam a capacidade individual de se
conectar com algo sagrado através da Fé. As manipulações continuam, como em
qualquer era, mas agora "indo pra aquário" o viés é social
(política), e não mais religioso.
A tendência é que mais correntes sejam criadas e a diversidade de canais
pelos quais o Ser Humano executa sua busca amplie a dissolução do poder
institucional sobre a Fé individual e das massas.
Mas onde “a Fé vai parar” desse jeito? Hoje vemos as “igrejas
eletrônicas” nas mídias. Redes de Mídia (TV, rádio, internet, etc.) totalmente
voltadas para o assunto religioso. A Instituição da Fé Cristã tenta se
enquadrar nos limites aquarianos para não se extinguir. As igrejas evangélicas,
que rebuscam através de interpretações e leituras polêmicas da Bíblia, um
renascimento da Fé com “outra roupagem”. Não estou aqui falando das
pseudo-igrejas que são, publica e notoriamente percebidas como enganosas e
lesivas aos seus “ingênuos fiéis”, desfilando as "diversas maquininhas de
cartão" por entre os fiéis para "zerar a conta deles", que
pensam estar “comprando seu pedacinho de terreno no céu”.
A ignorância é uma vulnerabilidade social com profundos poderes
destrutivos.
Ainda há uma transformação na forma de atuar o fanatismo religioso. O
Neocristianismo, principalmente o televisivo, está absorvendo os “órfãos” de
instituições para que conduzam seus valores morais e éticos. Questiona-se a
intenção dessas instituições que em grande parte estão retomando gradativamente
um caminho de retomada do poder sobre as massas fanáticas, através da
capacidade de manipulação, agora reciclada e colocada numa embalagem mais
carismática e catártica, porém com o mesmo ranço negativo de intolerância que a
humanidade já experimentou. Aquário é um signo extremista e rebelde. É o que se
pode esperar quando há discordâncias em assuntos tão pessoais.
*** Perceba que não há aqui julgamento ou sequer questionamento sobre
os ensinamentos, mensagens ou análise daquilo que originou toda a Fé Cristã.
Jesus de Nazaré e sua trajetória. ***
O passado ocidental carregaria por quase dois milênios os ombros das
pessoas com culpa e repressão institucional religiosa aprisionadora. Isso é
nítido ainda hoje, afinal é ainda hoje a única religião (Vaticano) onde a
oração não é apenas um enlevo espiritual ou conexão com o divino/sagrado, mas
sim uma penitência. Com o passar do tempo esse tipo de condução não coube
socialmente nos tempos mais recentes e não teve condições de acompanhar a
evolução social e o poder de manipulação simplesmente se desintegrou. Hoje a
sociedade é que coletivamente dirige os rumos sociais não tendo necessariamente
as “Leis de Deus” ditadas pelo Vaticano como algo necessariamente a ser seguido.
Esse “peso” de culpas e repressões hoje também causa uma reação natural
coletiva contra qualquer conceito ligado a instituições que se conduziram
através de qualquer tipo de repressão religiosa. Coletivamente o resultado daquilo que se observa no mundo ocidental é que as pessoas hoje se importam mais com quem são seus governantes do que com o que “o Papa fala”. A noção/conceito de
Deus na era de aquário deve sofrer profundas mudanças ainda não intuídas,
mas já longe de estarem intactas.
LUZ PAZ AMOR HARMONIA PROSPERIDADE
Carlos Falcão